Fonte da imagem: Wikipédia – Parede da casa dos donos, pichada após falsa denúncia em 1994.

O Caso Escola Base, ocorrido em 1994 em São Paulo, é um dos maiores erros judiciais que já presenciei. Os donos de uma escola infantil foram acusados injustamente de abuso sexual de crianças, com base em denúncias feitas por pais de alunos. A cobertura midiática foi extremamente sensacionalista e precipitada, levando a uma condenação pública antes mesmo que o devido processo legal fosse iniciado. As investigações, por sua vez, foram apressadas e desorganizadas, resultando em um processo judicial repleto de falhas. Embora os acusados tenham sido absolvidos, o dano à sua reputação foi irreparável.

Para mim, como advogado criminalista, o caso Escola Base deixa lições poderosas. Primeiramente, fica claro que a presunção de inocência é a pedra angular do direito penal. Quando ocorre uma comoção social em torno de um caso, como vimos, o advogado se torna a primeira linha de defesa contra os juízos precipitados da sociedade e da mídia. A defesa, no meu entender, começa bem antes do julgamento, e deve ser feita com diligência desde o início do processo. Isso inclui questionar rigorosamente as provas e acompanhar de perto o andamento da investigação.

Outro aspecto que aprendi foi o impacto da mídia na formação de um veredicto, mesmo antes do julgamento. A cobertura no caso Escola Base foi desastrosa, levando à amplificação de acusações falsas, que prejudicaram diretamente a vida dos acusados. Como advogados, devemos estar preparados para agir de forma estratégica, buscando proteger a imagem do cliente e impedindo que a imprensa torne o julgamento uma batalha perdida antes mesmo de começar. É fundamental utilizar todos os recursos legais para proteger os direitos do acusado e garantir que a justiça não seja contaminada pela opinião pública.

Além disso, no âmbito da defesa criminal, nunca podemos esquecer do aspecto humano. O impacto emocional causado por uma acusação falsa é devastador. Como advogado criminalista, aprendi que a defesa não pode ser apenas técnica; ela precisa ser ética e empática. Reconhecer os danos psicológicos que um cliente e sua família enfrentam é tão importante quanto a estratégia jurídica que adotamos. Oferecer apoio emocional e garantir que todos os direitos do acusado sejam respeitados são responsabilidades que não podemos ignorar.

O Caso Escola Base, para mim, foi um verdadeiro marco. Ele reforçou a importância de proteger os direitos fundamentais dos acusados, mesmo em um sistema judicial que, muitas vezes, se apressa em fazer julgamentos com base em suposições e falácias. Como advogados criminalistas, nosso papel é claro: garantir que a presunção de inocência seja respeitada e que nossos clientes recebam uma defesa justa, sem ser contaminados por julgamentos precipitados. A lição é clara: com coragem, estratégia e uma defesa pautada na verdade, podemos resistir à pressão externa e garantir que a justiça prevaleça, mesmo diante das adversidades.

Roberto Parentoni
Advogado Criminalista

Roberto Parentoni

Roberto Parentoni

Dr. Roberto Parentoni é advogado criminalista desde 1991 e fundador do escritório Parentoni Advogados. Pós-graduado pela Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie, é especialista em Direito Criminal e Processual Penal, com atuação destacada na justiça estadual, federal e nos Tribunais Superiores (STJ e STF). Ex-presidente do Instituto Brasileiro do Direito de Defesa (IBRADD) por duas gestões consecutivas, é também professor, autor de livros jurídicos e palestrante, participando de eventos e conferências em todo o Brasil.