Dr. Roberto Parentoni e Acadêmico Aurélio Soares

Por que aceitei defender Marcola: A Defesa dos Direitos e a Ética no Tribunal do Júri

Em 2009, aceitei o desafio de defender Marco Willians Herbas Camacho, o conhecido Marcola, em um dos processos mais emblemáticos no Tribunal do Júri do Brasil. Esta decisão não foi movida pela notoriedade do caso, mas pelo meu compromisso inabalável com o direito à defesa e com os princípios da justiça. Sou Roberto Parentoni, advogado criminalista com 33 anos de experiência e mais de 350 júris realizados, e acredito que, independentemente da gravidade das acusações, todo réu tem direito a um julgamento justo e imparcial. Para mim, defender direitos não é apenas uma missão profissional, é uma responsabilidade moral: garantir que a justiça prevaleça, sempre.

A defesa que assumi teve desafios significativos, como acontece em qualquer processo complexo, independentemente de sua notoriedade. Meu trabalho não se restringiu à parte técnica: precisei mergulhar profundamente nos detalhes do processo, analisar minuciosamente as provas e garantir que os direitos de meu cliente fossem respeitados, conforme exige a Constituição. Cada ação minha — seja na interposição de recursos, em decisões sobre estratégias ou na escolha de abandonar uma sessão do Júri para assegurar a observância dos direitos do réu — foi tomada com total comprometimento, zelo e responsabilidade.

Defendi Marcola com o mesmo respeito e dedicação que dedicaria a qualquer outro cliente. Meu trabalho sempre se pautou pela ética e pela consciência de que a função do advogado criminalista é garantir que a verdade seja respeitada, que o acusado tenha um julgamento justo e que seus direitos constitucionais sejam plenamente defendidos em todas as etapas do processo penal.

O caso de Marcola ilustra como, no Brasil, muitas vezes a acusação é movida mais pela pressão pública e pela opinião midiática do que por provas substanciais. Hoje, vemos diversas figuras de grande relevância política, empresarial e social, enfrentando processos e condenações, muitas vezes por crimes de grande repercussão. Isso reforça a ideia de que, independentemente da posição que o acusado ocupe, a defesa deve ser tratada com o mesmo rigor jurídico, pois somente em um estado democrático de direito, onde os direitos de todos são garantidos, podemos falar em justiça verdadeira.

Para aqueles que escolheram a advocacia criminal como profissão e para os jovens advogados que estão começando agora, minha mensagem é clara: não cabe a nós julgar, mas garantir que a justiça seja feita. Quando aceitamos um caso, devemos estar preparados para proteger os direitos de nossos clientes, como se estivéssemos defendendo nossa própria liberdade. Isso é o que nos torna profissionais do direito, não importa quem esteja do outro lado.

A defesa de Marcola foi apenas um exemplo de como a profissão deve ser exercida com responsabilidade, habilidade e consciência. Defender direitos é o que nos dá força para lutar por um Brasil mais justo, onde ninguém, seja quem for, seja privado de sua dignidade ou de um julgamento imparcial.

Fraterno abraço

Roberto Parentoni

 

Roberto Parentoni

Roberto Parentoni

Dr. Roberto Parentoni é advogado criminalista desde 1991 e fundador do escritório Parentoni Advogados. Pós-graduado pela Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie, é especialista em Direito Criminal e Processual Penal, com atuação destacada na justiça estadual, federal e nos Tribunais Superiores (STJ e STF). Ex-presidente do Instituto Brasileiro do Direito de Defesa (IBRADD) por duas gestões consecutivas, é também professor, autor de livros jurídicos e palestrante, participando de eventos e conferências em todo o Brasil.